sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

JESUS ANTES DE CRISTO

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Jesus – Fonte – http://2.bp.blogspot.com/

Pesquisadores vão além da Bíblia e procuram pelo Jesus histórico – e o que não é mencionado no livro sagrado

Rodrigo Cavalcante
Cristo está em toda parte: nas obras mais importantes da história da arte, nos roteiros de Hollywood, nos letreiros luminosos de novas igrejas, nas canções evangélicas em rádios gospel, nos best-sellers de autoajuda, nos canais de televisão a cabo, nos adesivos de carro, nos presépios de Natal. Onde você estiver, do interior da floresta amazônica às montanhas geladas do Tibete, sempre será possível deparar com o símbolo de uma cruz, pena de morte comum no Império Romano à qual um homem foi condenado há quase 2 mil anos. Para mais de 2 bilhões de pessoas esse homem era o próprio messias (“Cristo”, do grego, o ungido) que ressuscitara para redimir a humanidade.
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Nascimento de Jesus – Obra de Lorenzo Costa (1460 – 5 de Março de 1535) foi um pintor italiano do Renascimento. Nasceu em Ferrara, mas se mudou para Bolonha quando tinha 20 anos. Neste quadro, chama atenção os detalhes da cidade ao fundo, a pose do bebê deitado sobre o braço – Fonte – http://khristianos.blogspot.com.br/2015/12/a-natividade-por-pintores-famosos.html
Embora o mundo inteiro (inclusive os não cristãos) esteja familiarizado com a imagem de Cristo, até a bem pouco tempo os pesquisadores eram céticos quanto à possibilidade de descobrir detalhes sobre a vida do judeu Yesua (Jesus, em hebraico), o homem de carne e osso que inspirou o cristianismo. “Isso está começando a mudar”, diz o historiador André Chevitarese, professor de História Antiga da Universidade Federal do Rio de Janeiro e um dos especialistas no Brasil sobre o “Jesus histórico” – o estudo da figura de Jesus na história sem os constrangimentos da teologia ou da fé no relato dos evangelhos. Embora tragam detalhes do que teria sido a vida de Jesus, os evangelhos são considerados uma obra de reverência e não um documento histórico. Chevitarese e outros pesquisadores acreditam que, apesar de não existirem indícios materiais diretos sobre o homem Jesus, arqueólogos e historiadores podem ao menos reconstituir um quadro surpreendente sobre o que teria sido a vida de um líder religioso judeu naquele tempo, respondendo questões intrigantes sobre o ambiente e o cotidiano na Palestina onde ele vivera por volta do século I.
Nazaré, entre 6 e 4 a.C.
Uma aldeia agrícola com menos de 500 habitantes, cuja paisagem é pontuada por casas pobres de chão de terra batida, teto de estrados de madeira cobertos com palha, muros de pedras coladas com uma argamassa de barro, lama ou até de uma mistura de esterco para proteger os moradores da variação da temperatura no local. Segundo os arqueólogos, essa é a cidade de Nazaré na época em que Jesus nasceu, provavelmente entre os anos 6 e 4 a.C., no fim do reinado de Herodes. Isso mesmo: segundo os historiadores, Jesus deve ter nascido alguns anos antes do ano 1 do calendário cristão. “As pessoas naquele tempo não contavam a passagem do tempo como hoje, por meio da indicação do ano”, explica o historiador da Unicamp Pedro Paulo Funari. “O cabeçalho dos documentos oficiais da época trazia apenas como indicação do tempo o nome do regente do período, o que leva os pesquisadores a crer que Jesus teria nascido anos antes do que foi convencionado.”
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Imagem do século 13 de Jesus sendo apresentado aos rabinos | Crédito: Duccio di Buonis – Fonte – http://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/religiao/jesus-antes-cristo-434985.phtml#.WF_PMPkrLIW
Se você também está se perguntando por que os historiadores buscam evidências do nascimento de Jesus na cidade de Nazaré – e não em Belém, cidade natal de Jesus, de acordo com os evangelhos de Mateus e Lucas –, é bom saber que, para a maioria dos pesquisadores, a referência a Belém não passa de uma alegoria da Bíblia. Na época, essa alegoria teria sido escrita para ligar Jesus ao rei Davi, que teria nascido em Belém e era considerado um dos messias do povo judeu. Ou seja: a alcunha “Jesus de Nazaré” ou “nazareno” não teria derivado apenas do fato de sua família ser oriunda de lá, como costuma ser justificado.
Mesmo que os historiadores estejam certos ao afirmarem que o nascimento em Belém seja apenas uma alegoria bíblica, o entorno de uma casa pobre na cidade de Nazaré daquele tempo não deve ter sido muito diferente do de um estábulo improvisado como manjedoura. Como a residência de qualquer camponês pobre da região, as moradias eram ladeadas por animais usados na agricultura ou para a alimentação de subsistência. A dieta de um morador local era frugal: além do pão de cada dia (no formato conhecido no Brasil hoje como pão árabe), era possível contar com azeitonas (e seu óleo, o azeite, usado também para iluminar as casas), lentilhas, feijão e alguns incrementos como nozes, frutas, queijo e iogurte.
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O que seria a alimentação típica no tempo de Jesus – Fonte – http://dailylifeinthetimeofjesus.weebly.com/daily-life-at-the-time-of-jesus.html
De acordo com os arqueólogos, o consumo de carne vermelha era raro, reservado apenas para datas especiais. O peixe era o animal consumido com mais frequência pela população, seco sob o sol, para durar. A maioria dos esqueletos encontrados na região mostra deficiência de ferro e proteínas. Essa parca alimentação é coerente com relatos como o da multiplicação dos pães, no Evangelho de Mateus, no qual os discípulos, preocupados com a fome de uma multidão que seguia Jesus, mostram ao mestre cinco pães e dois peixes, todo o alimento de que dispunham.
Se alguém presenciasse o nascimento de Jesus, provavelmente iria deparar com um bebê de feições bem diferentes da criança de pele clara que costuma aparecer nas representações dos presépios. Baseados no estudo de crânios de judeus da época, pesquisadores dizem que a aparência de Jesus seria mais próxima da de um árabe (de cabelos negros e pele morena) que da dos modelos louros dos quadros renascentistas. Seu nome, Jesus, uma abreviação do nome do herói bíblico Josué, era bastante comum em sua época. Ainda na infância, deve ter brincado com pequenos animais de madeira entalhada ou se divertido com rudimentares jogos de tabuleiro incrustados em pedras. Quanto à família de Jesus, os pesquisadores não acreditam que ele tenha sido filho único. Afinal, era comum que famílias de camponeses tivessem mais de um filho para ajudarem na subsistência da família. Isso poderia explicar o fato de os próprios evangelhos falarem em irmãos de Jesus, como Tiago, José, Simão e Judas. “As igrejas Ortodoxa e Católica preferiram entender que o termo grego adelphos, que significa irmão, queria dizer algo próximo de discípulo, primo”, diz Chevitarese.
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Vestuário no tempo de Jesus – VESTUÁRIO – No primeiro século a roupa era muito mais simples do que é hoje. A maioria das roupas eram feitas de lã, embora o linho também fosse usado (feito de linho cultivado na área de Jericó ou importado do Egito). Tanto os homens como as mulheres usavam normalmente uma túnica e um manto. A lei judaica exigia que o manto tivesse bordas unidas aos seus quatro cantos. Cada borda era para incluir um cordão azul e foi concebido como uma forma de ajudar as pessoas a se lembrar de manter a Lei de Deus. Para ocasiões especiais uma longa roupa conhecida como ‘estola’ era usada. Eram usados geralmente sandálias de couro (ou talvez de madeira) – Fonte – http://dailylifeinthetimeofjesus.weebly.com/daily-life-at-the-time-of-jesus.html
Assim como outros jovens da Galileia, é provável que ele não tenha tido uma educação formal ou mesmo a chance de aprender a ler e escrever, privilégio de poucos nobres. Ainda assim, nada o impediria de conhecer profundamente os textos religiosos de sua época transmitidos oralmente por gerações.
Política, religião e sexo
Desde aquele tempo, a região em que Jesus vivia já era, digamos, um tanto explosiva. O confronto não se dava, é claro, entre judeus e muçulmanos (o profeta Maomé só iria receber sua revelação mais de cinco séculos depois). A disputa envolvia grupos judaicos e os interesses de Roma, cujo império era o equivalente, na época, ao que os Estados Unidos são hoje. E, assim como grupos religiosos do Oriente Médio resistem atualmente à ocidentalização dos seus costumes, diversos grupos judaicos da época se opunham à influência romana sobre suas tradições. Na verdade, fazia séculos que os judeus lutavam contra o domínio de povos estrangeiros.
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Ocupações no tempo de Cristo – Os principais trabalhos masculinos eram ser fazendeiros, artesãos, ou pescadores. As mulheres aprendiam a cozinhar e os deveres domésticos. Elas também memorizavam as escrituras, mas era proibido para elas ler ou escrever. Os mais afortunados teriam aprendido um ofício de seu pai – como ocorreu com o próprio Jesus. Muitos dos que não tinham um emprego estável seriam trabalhadores ocasionais, cujo salário diário dependia do capricho daqueles que contratavam um grupo de trabalhadores todas as manhãs. Alguns indivíduos tinham uma vida de mendicância ou mesmo de escravidão – Fonte – http://dailylifeinthetimeofjesus.weebly.com/daily-life-at-the-time-of-jesus.html
Antes de os romanos chegarem, no ano 63 a.C., eles haviam sido subjugados por assírios, babilônios, persas, macedônios, selêucidas e ptolomeus. Os judeus sonhavam com a ascensão de um monarca forte como fora o rei Davi, que por volta do século 10 a.C. inaugurara um tempo de relativa estabilidade. Não à toa, Davi ficaria lembrado como o messias (ungido por Javé) e, assim como ele, outros messias eram aguardados para libertar o povo judeu (veja quadro na pág. 33).
A resistência aos romanos se dava de maneiras variadas. A primeira delas, e mais feroz, era identificada como simples banditismo. Nessa categoria estavam bandos de criminosos formados por camponeses miseráveis que atacavam comerciantes, membros da elite romana ou qualquer desavisado que viajasse levando uma carga valiosa.
Além do banditismo, havia a resistência inspirada pela religião, principalmente a dos chamados movimentos apocalípticos. De acordo com os seguidores desses movimentos, Israel estava prestes a ser libertado por uma intervenção direta de Deus que traria prosperidade, justiça e paz à região. A questão era saber como se preparar para esse dia.
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Mosaico do século XII, existente na Catedral de Cefalù, na Sicília, Itália – Fonte – http://www.teslasociety.com/hagiasophia.htm
Alguns grupos, como os zelotes, acreditavam que o melhor a fazer era se armar e partir para a guerra contra os romanos na crença de que Deus apareceria para lutar ao lado dos hebreus. Para outros grupos, como os essênios, a violência era desnecessária e o melhor mesmo a fazer era se retirar para viver em comunidades monásticas distantes das impurezas dos grandes centros. E Jesus, de que lado estava?
É quase certo que Jesus tenha tido contato com ao menos um líder apocalíptico de sua época, que preparava seus seguidores por meio de um ritual de imersão nas águas do rio Jordão. Se você apostou em João Batista, acertou.
O curioso é que, para a maioria dos pesquisadores, incluindo aí o padre católico John P. Meier, autor da série sobre o Jesus histórico chamada Um Judeu Marginal, o movimento apocalíptico de João Batista deve ter sido mais popular, em seu tempo, do que a própria pregação de Jesus. Os historiadores acreditam que é bem provável que Jesus, de fato, tenha sido batizado por João Batista nas margens do rio Jordão, e que o encontro deve ter moldado sua missão religiosa dali em diante.
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Representação moderna dos soldados romanos – Fonte – http://www.instonebrewer.com/visualSermons/Jesus%2BChildren/_Sermon.htm
Apesar de não haver nenhuma restrição para que um líder religioso judeu tivesse relações com mulheres em seu tempo, ninguém sabe ainda se entre as práticas espirituais de Jesus estaria o celibato. Da mesma forma, afirmar que ele teve relações com Maria Madalena, como no enredo de livros como O Código Da Vinci, também não passaria de uma grande especulação.
Uma morte marginal
O pesquisador Richard Horsley, professor de Ciências da Religião da Universidade de Massachusetts, em Boston, é categórico: a morte de Jesus na cruz em seu tempo foi muito menos perturbadora para o Império Romano do que se costuma imaginar. Horsley e outros pesquisadores desapontam os cristãos que imaginam a crucificação como um evento que causara, em seu tempo, uma comoção generalizada, como naquela cena do filme O Manto Sagrado em que nuvens negras escurecem Jerusalém e o mundo parece prestes a acabar. Apesar de ter sido uma tragédia para seus seguidores e familiares, a morte do judeu Yesua deve ter passado praticamente despercebida para quem vivia, por exemplo, no Império Romano. Ou seja: se existisse uma rede de televisão como a CNN, naquele tempo, é bem possível que a morte de Jesus sequer fosse noticiada. E, caso fosse, dificilmente algum estrangeiro entenderia bem qual a diferença da mensagem dele em meio a tantas correntes do judaísmo do período – assim como poucas pessoas no Ocidente compreendem as diferenças entre as diversas correntes dentro do Islã ou do budismo.
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Fonte – http://allchristiannews.com/wp-content/uploads/2016/03/Jesus-Crucifixion.jpg
Os pesquisadores sabem, no entanto, que Jesus não deve ter escolhido por acaso uma festa como a Páscoa para fazer sua pregação em Jerusalém. A data costumava reunir milhares de pessoas para a comemoração da libertação do povo hebreu do Egito. No período que antecedia a festa, o ar tornava-se carregado de uma forte energia política. Era quando os judeus pobres sonhavam com o dia em que conseguiriam ser libertados dos romanos.
Para a elite judaica que vivia em Jerusalém, contudo, as manifestações anti-Roma não eram nada bem-vindas. Afinal, como ela se beneficiava da arrecadação de impostos da população de baixa renda, boa parte dela tinha mais a perder que a ganhar com revoltas populares que desafiassem os dirigentes romanos, cujos estilos de vida eram copiados por meio da construção de suntuosas vilas (espécie de chácaras luxuosas) nas cercanias de Jerusalém.
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Fonte – https://pradoshmitter.files.wordpress.com/2009/12/the_crucifixion_tintoretto_1565.jpg
A própria opulência do Templo do Monte de Jerusalém, reconstruído por Herodes, o Grande, parecia uma evidência de que a aliança entre os romanos e os judeus seria eterna. A construção era impressionante até mesmo para os padrões romanos, o que fazia de Jerusalém um importante centro regional em sua época.
Em meio às festas religiosas, o comércio da cidade florescia cada vez mais. Vendia-se de tudo por lá, incluindo animais para serem sacrificados no templo. Os mais ricos podiam comprar um cordeiro para ser sacrificado e quem tivesse menos dinheiro conseguia comprar uma pomba no mercado logo em frente. A cura de todos os problemas do corpo e da alma (na época, as doenças eram relacionadas à impureza do espírito) passava pela mediação dos rituais dos sacerdotes do templo.
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Representação da crucificação de Cristo através do pintor italiano Giotto di Bondone (1266 – 1337) – Fonte – http://art-now-and-then.blogspot.com.br/2014/05/art-and-jesus-crucifixion.html
Não é difícil imaginar a afronta que devia ser para esses líderes religiosos ouvir que um judeu rude da Galileia curava e livrava as pessoas de seus pecados com um simples toque, sem a necessidade dos sacerdotes. A maioria dos pesquisadores concorda que atos subversivos como esses seriam suficientes para levar alguém à crucificação.
Quase tudo o que os pesquisadores conhecem sobre a crucificação deve-se à descoberta, em 1968, do único esqueleto encontrado de um homem crucificado em Giv’at há-Mivtar, no nordeste de Jerusalém. Após uma análise dos ossos, eles concluíram que os calcanhares do condenado foram pregados na base vertical da cruz, enquanto os braços haviam sido apenas amarrados na travessa. A raridade da descoberta deve-se a um motivo perturbador: a pena da crucificação previa a extinção do cadáver do condenado, já que o corpo do crucificado deveria ser exposto aos abutres e aos cães comedores de carniça. A idéia era evitar que o túmulo do condenado pudesse servir de ponto de peregrinação de manifestantes. De qualquer forma, a descoberta desse único esqueleto preservado prova que, em alguns casos, o corpo poderia ser reivindicado pelos parentes do morto, o que talvez tenha acontecido com Jesus.
O que aconteceu após sua morte?
Para os pesquisadores, a vida do Jesus histórico encerra-se com a crucificação. “A ressurreição é uma questão de fé, não de história”, diz Richard Horsley.
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A ressurreição de Cristo na visão do italiano Piero della Francesca (1415 — 1492) – Fonte – http://www.jesus-story.net/painting_resurrection.htm
Tudo o que os historiadores sabem é que, apesar de pequeno, o grupo de seguidores de Jesus logo conseguiria atrair adeptos de diversas partes do mundo. E foi um dos novos convertidos, um ex-soldado que havia perseguido cristãos e ganhara o nome de Paulo, que se tornaria uma das pedras fundamentais para a transformação de Jesus em um símbolo de fé para todo o mundo. Com sua formação cosmopolita, Paulo lutou para que os seguidores de Jesus trilhassem um caminho independente do judaísmo, sem necessidade de obrigar os convertidos a seguirem regras alimentares rígidas ou, no caso dos homens, ser obrigados a fazer a circuncisão. A influência de Paulo na nova fé é tão grande que há quem diga que a mensagem de Jesus jamais chegaria aonde chegou caso ele não houvesse trabalhado com tanto afinco para sua difusão.
Mesmo para quem não acredita em milagres, não há como negar que Paulo e os outros seguidores de Jesus conseguiram uma proeza e tanto: apenas três séculos após sua morte, transformaram a crença de uns poucos judeus da Palestina do século I na religião oficial do Império Romano. Por essa época, a vida do judeu Yesua já havia sido encoberta pela poderosa simbologia do Cristo: assim como os judeus sacrificavam cordeiros para Javé, o Cristo se tornaria símbolo do cordeiro enviado por Deus para tirar os pecados do mundo. Desde então, a história de boa parte do mundo está dividida entre antes e depois de sua existência.

SAIBA MAIS –
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Fonte – http://www.crystalinks.com/isis.html
Nossa Senhora de Ísis
De onde pode ter se originado uma das mais belas imagens cristãs
Se você acha que conhece a imagem acima, é bom dar uma olhada com um pouco mais de atenção. À primeira vista, ela parece, de fato, representar a Nossa Senhora embalando o menino Jesus. Mas não é. A imagem da estátua é uma representação da deusa egípcia Ísis oferecendo o peito a seu filho Hórus. Apesar de não haver como provar que as imagens de Nossa Senhora tenham sido inspiradas diretamente em representações como essa, os pesquisadores sabem que o cristianismo sofreu, em seus primórdios, a influência de diversos cultos que faziam parte dos mundos egípcio e greco-romano. “Desde seu início, o cristianismo tinha uma diversidade assombrosa”, diz o professor de Teologia Gabriele Cornelli, da Universidade de Brasília. Na região do Egito, por exemplo, prevalecera o chamado cristianismo gnóstico, cujos textos revelam um Jesus bem mais parecido com um monge oriental. Alguns historiadores acreditam até que alguns cristãos gnósticos possam ter sido influenciados por missionários budistas vindos da Índia.

O luxo que vem de Roma – Diferentemente de Jesus, nobres judeus viviam muito bem, obrigado

Para a elite judaica que vivia na Palestina do século I, levar uma vida com requinte e elegância era sinônimo de viver como os romanos. Escavações arqueológicas em Jerusalém e outras cidades indicam uma clara influência da arquitetura e da decoração de Roma no interior das mansões. Para criar uma atmosfera palaciana, era comum, no interior das casas, a reprodução de afrescos e desenhos decorativos com motivos florais e geométricos. Em ambientes maiores, as colunas no estilo romano eram indispensáveis, assim como o uso de mármore para o acabamento dos detalhes – quem não podia pagar pelo mármore usava uma tinta de cor parecida para manter a aura palaciana. Fontes, vasos vitrificados e pisos de mosaico colorido também faziam parte do sonho de consumo dos novos ricos de Jerusalém, que costumavam receber os amigos influentes recostados confortavelmente no triclinium, espécie de divã usado na hora das refeições. Resquícios da importação de vinhos e outros ingredientes nobres da cozinha mediterrânea, como o garum, um molho especial de peixe típico da cidade de Pompéia, também foram encontrados no interior das mansões. Algumas delas deviam ter uma vista privilegiada para o Templo de Jerusalém, de onde os nobres podiam assistir confortavelmente à movimentação dos peregrinos ou mesmo à condenação à morte de rebeldes judeus.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Pedro Bandeira (Pereira de Caldas), poeta repentista paraibano de São José de Piranhas, vivido em Juazeiro do Norte|CE, considerado (ele verseja, improvisa em várias formas: mourão, martelo agalopado, galope à beira mar, entre outras modalidades) como um dos maiores ícones da literatura Popular Brasileira. Pois bem, como prova que sua verve, o seu poetar é dos melhores da poesia popular, vejamos essa joia de versos longos recheados de sabedoria e verdades, que transcrevo abaixo, para o nosso deleite:
Deus está nas ideias de Platão
Aristóteles, Confúcio, Cícero e Dante
Gutemberg, Paré, Galeno e Kant
Leonardo, Beethoven e Salomão
Quem afirma que deus é ficção
É nocivo pequeno e ignorante
Para o mundo é insignificante
É porque Deus é a própria inteligência
É a luz sublimada da ciência
Transformando uma célula num gigante
Deus está no sol quente causticante
Nas camadas sutis e argilosas
Nas chapadas das serras arenosas
E nas cascatas do bosque horripilante
Nas jornadas saudosas do emigrante
Que se vive a sofrer não se maldiz
Deus existe no caule e na raiz
Na bondade, no amor, na esperança
No sorriso inocente da criança
Que não sabe o que é ser infeliz
Deus está no voar dos colibris
Única ave que voa marcha ré
Se bota a marca de força e não dar fé
Que a cabeça está perto chassis
Deus existe nos verdes alcantis
E nos talhados globais que o mundo tem
No chacal, no pavão e no vemvem
Na floresta assombrosa, no arbusto
Na caneta de ouro do homem justo
Que não rouba um tostão de seu ninguém
Deus existe no mar com suas dunas
Nas colcheias dos vales nordestinos
Nos sussurros dos córregos cristalinos
Nas jazidas de ouro do amazonas
Nas ingênuas libélulas que são donas
Das goticulas de orvalho das manhãs
Nas gaivotas do mar, nas jaçanãs
No segredo do fogo e nas centelhas
E no zubido sonoro das abelhas
Festejando um partido de milhães
Deus está num foguete e num avião
Num trabalho paralepipédico
Nas ciências das mãos do próprio médico
Que tentou transplantar o coração
No relâmpago, na chuva, no trovão
E nas fagulhas que vão na correnteza
Na paixão, na humildade, na nobreza
Nos tecidos da teia de aranha
E no poeta no pé de uma montanha
Recebendo as lições da natureza
Deus existe em todos os minerais
Nos insetos, nas aves, nos abrolhos
Na lanternas dos próprios olhos
Nas camadas das nuvens pluviais
Na metamorfose dos rosais
Na essência da flor e no paúro
Nas estrelas, no chão, no céu azul
No escuro, no ar, na lua clara
No calor do deserto de saara
E na frieza sem fim do pólo sul
Deus está na criança abandonada
Que soluça com fome e não comenta
No silêncio de um louco que se senta
Na palhoça da beira da estrada
Nos rangidos dos remos das jangadas
Que uma parte é molhada e a outra enxuta
Deus está no preâmbulo da conduta
Do poeta que canta a sua história
Nas medalhas de ouro da vitória
De quem parte para o campo e ganha a luta
Deus existe em um cérebro eletrônico
Nos cristais que dão vida ao microfone
No mistério da voz do telefone
E nos artistas atuais do mundo harmônico
Num piano melódico e sinfônico
Na energia atômica e na corrente
No progresso do mundo atualmente
Na caneta, na tinta e no papel,
E no milagre infinito da embratel
Que atira a imagem em nossa frente
Deus está numa máquina de escrever
Na mecânica da nova matemática
Na consciência tranquila da gramática
E numa fita que fala e ninguém vê
Sua faixa estirar nem encolher
Entre a cor, a cadência e a qualidade
Dependendo de ter velocidade
Ela grava, desgrava e pede bis
Da maneira que a boca humana diz
Ela canta pra toda humanidade
Deus está nesse encontro entre nós
Nos amigos que sentem meus problemas
Nos adultos que escutam meus poemas
E nas crianças que aplaudem a minha vozJ
Já esteve, ainda está, e logo após
Reunidos daqui viajaremos
Deus é tudo na vida o que nós temos
Crer em deus é ter flores na memória
É saber que a morte é grande glória
Para a vida eterna que teremos.
Eduardo Alexandre Garcia


A Pista
Avenida Hermes da Fonseca
(Residência Oficial do Estado)

RELIGIÕES, HIPOCRISIA E INTOLERÂNCIA

Se religiões e igrejas fossem promotoras de tolerância e paz, o Brasil seria um dos países mais pacíficos e tolerantes do Mundo. Mas o Brasil é um dos países mais violentos, intolerantes e hipócritas do Planeta. É também o país mais abastecido de igrejas e denominações religiosas que existe.

Em toda biboca há pelo menos uma igreja católica, cinco ou seis igrejas evangélicas ou seitas outras. Numa cidade média, são várias católicas, dezenas de evangélicas, algum centro espírita ou terreiro de Umbanda.
Difícil, no Brasil, é você encontrar alguém que não seja ou tenha sido religioso. Na televisão, são inúmeros os canais de programas religiosos. Dia e noite. Insuportavelmente monótonos e monocórdios. Vendem lotes no céu, milagres e milacrias. Só não conseguem ou não têm interesse na promoção da tolerância.

O Brasil caminha para o reino da covardia. E na covardia quem manda é a violência. País da religião e da hipocrisia. Falso pacífico. Violento covarde é redundância.

[François Silvestre, escritor]

Da linha do tempo/Facebook de Paulo Sergio Martin

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017


Por André Madureira
Cartão postal com vista de parte da rua dr. Barata em fins dos anos 1940.
Mesmo após o período da guerra, quando Natal viu seu comércio atravessar uma fase nunca antes vista na história, vários tipos de estabelecimento, vitrines de lojas, alguns restaurantes, bares e sorveterias, podiam ser ser ainda encontrados na rua dr. Barata.
Nessa foto, em fins dos anos 40, exprimidos em menos de 200 metros de calçadas, ainda podia se ver os passantes se acotovelando, indo e vindo, nessa rua que já teve movimento de centros adiantados.
Entre os vários comércios que ultrapassaram décadas na dr. Barata, a Drogaria Brasil, do farmacêutico Augusto Amâncio Pereira, funcionou por mais de 80 anos nessa rua. Essa drogaria foi transferida para o nº 176 da dr. Barata no inicio de 1939. Antes funcionava em prédio quase em frente.
Outro estabelecimento que permaneceu durante vários nessa rua foi o Foto Elite, studio do fotógrafo João Alves de Melo.
Fotógrafo: Luiz Grevy
Ano: Fim dos anos 40
MAIS UMA CONQUISTA DO FOTÓGRAFO ASSUENSE JEAN LOPES
O fotógrafo assuense Jean Lopes acaba de conquistar mais um prêmio de fotografia. Seu trabalho ficou entre os três melhores no concurso Fotografe 20 anos. 

Promovido pela maior publicação especializada em fotografia do país, a revista Fotografe Melhor, o concurso foi disputado por cerca de 3 mil trabalhos enviados por 1631 participantes de todas as regiões do Brasil.

A foto premiada é parte da serie Pau-de-sebo, que o fotógrafo documentou por cerca de 6 anos durante os festejos juninos da cidade do Assu.

Com o terceiro lugar, o fotógrafo ganhou uma câmera Nikon D-5500 com lente 18-55mm.


Deste espaço parabenizamos esse grande profissional das lentes mágicas. O povo do Assu agradece. Valeu Jean!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Por André Madureira · 
Fábrica Vigilante de Philadelpho Lyra
Importante estabelecimento industrial da cidade de Natal, ficava situada à Rua do Commercio(atual rua Chile) nº 68, e era propriedade do sr. Philadelpho Lyra. A fábrica foi fundada em 1891 e foi a primeira fábrica de cigarros no Rio Grande do Norte. A produção anual do estabelecimento aumentava em 31.392 milhões de cigarros, acondicionados cuidadosamente, cujas principais marcas eram: Vigilante, Amor, Hermes da Fonseca, Excelsos, Goyaz, Celebres, Rio Branco, Alcaçús, Fantazia e Perolas, marcas essas que eram conhecidas e reputadas em todo o estado.
Os cigarros deste estabelecimento eram todos enrolados à mão. O fumo empregado em sua manufatura era nacional, dos diversos tipos, e também importado, tais como o fumo turco e o fumo da Virginia. A fábrica era instalada em um grande e cômodo edifício, ao lado da antiga alfândega, com dependências apropriadas e bem aparelhada para essa indústria: Nela trabalhavam 110 operários, entre homens, mulheres e crianças. O sr. Philadelpho Lyra foi também agente e representante em Natal das principais casas manufatoras de charutos do estado da Bahia.
Ano: Aprox 1915

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