segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Parafraseando um mote conhecido na oralidade das cantorias de viola, fiz as seguintes glosas para nos homenagear:

Minha avó foi rezadeira,
Meu tio foi violeiro,
E meu bisavô vaqueiro
Na terra dos Oliveira.
Vovô vendia na feira,
Mas nunca quis se vender
Fazer verso é meu prazer
E Asa Branca é o meu hino
Se eu não fosse nordestino
Que diacho eu iria ser?

Meu sushi é pão com nata
Meu energético é maxixe
Buchada é meu sanduíche
E a minha pizza é batata.
Se eu calçar minha "pragata"
E uma sanfona gemer
Danço do suor descer
E o mocotó ficar fino
Se eu não fosse nordestino
Que diacho eu iria ser?
Manoel Cavalcante

UM POUCO SOBRE RENATO CALDAS


Renato era um poeta eclético. Ficou famoso com seus poemas matutos em linguagem rude, própria do sertanejo, bem como pelos seus versos populares,  suas glosas de temas diversos, suas tiradas espirituosas, suas estórias pitorescas. Era discípulo do menestrel Catulo da Paixão Cearense e conviveu na capital carioca na década de trinta, com o músico Silvio Caldas, além de Almirante, Chico Alves (O Rei da Voz) e o notório compositor Noel Rosa. O famoso poeta paraibano, de Campina Grande, Jessier Quirino depõe que começou a escrever poesias e causos matutos lendo aquele bardo assuense. Pois bem, o seu poema mais famoso intitula-se ‘Reboliço’, que por sinal, fora lido na década de cinquenta através da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, pelo poeta potiguar Celso da Silveira, bem como por Zé Praxedes (O Poeta Vaqueiro) nas apresentações que fazia pelo Brasil afora, além do deputado federal pelo Rio Grande do Norte, Ney Lopes, que leu no plenário do Congresso Nacional, a propósito da morte de Renato em 1991. Ainda mais declamando (em parte) durante uma cena de novela da TV Globo, se não me engano, há uns dez anos atrás. Diz assim, o célebre e irreverente poema:

Menina me arresponda,
Sem se ri e sem chorá:
Pruque você se remexe
Quando vê home passá?
Fica tôda balançando,
Remexendo, remexendo...
Pensa tarvez, qui nós véio,
Nem tem ôio e nem tá vendo?
Mas, se eu fosse turidade,
Se eu tivesse argum valô,
Eu botava na cadeia
Êsse teu remexedô...
E, adespois dele tá preso,
Num lugá, bem amarrado,
Eu pedia: - Minha nêga,
Remexe pro delegado.

Certa feita, ao passar pela feira livre de certa cidade do interior nordestino, Renato Caldas já muito conhecido em todo o Brasil, principalmente no Nordeste (ele morreu em 1991 aos 89 anos de idade, se não me falha a memória) fora abordado por uma feirante vendedora de legumes: - "Seu Renato, faça um versinho para eu divulgar minhas batatas!” - E ele de imediato escreveu num pedacinho de papel de cigarro esses versinhos que aquela senhora começou a divulgar em voz alta, dizendo assim:

Batata, batata doce
Batata que o povo gosta,
Um quilo dessa batata
Dá vinte quilos de 'bosta'.

- E as batatas daquela vendedora ficaram mais encalhadas ainda.
Renato namorava uma jovem chamada Maria da Conceição que, certo dia, regressou à São Paulo para passear e rever familiares. Conceição comprometeu-se com ele, Renato, que retornaria em trinta dias. Na hora da despedida Renato entregou a sua amada, o seguinte bilhete rimado:
Maria da Conceição
Faça uma boa viagem
E leve meu coração
Dentro da sua bagagem.
Passaram-se dias, meses, anos e nada de notícias de Conceição. Ao tomar conhecimento que ela, sua amada, teria se casado naquela capital paulistana, bem como do seu endereço, vingou-se num telegrama rimado, dizendo assim:
Maria da Conceição
Você fez boa viagem?
Devolva meu coração
Que foi na sua bagagem.

Na memorável eleição municipal de 1988 eu fui candidato à reeleição, para vereador do Assu minha terra natal querida. Passando pelo centro da cidade, me deparo com certo vendedor de canjica (iguaria típica da culinária do Nordeste brasileiro). Comprei e mandei aquele vendedor entregar a Renato Caldas em sua casa. Dito e feito. Pouco tempo depois recebi um papel de cigarro, com a seguinte inscrição:

Fernando você triste fica
A proposta não convém
Por um prato de canjica
Eu não voto com ninguém.

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Lembranças de João Lins Caldas


João Lins Caldas, norte-rio-grandense que viveu a maior parte de sua vida na cidade de Açu-RN, mais de cinquenta anos após sua morte, ainda não é nacionalmente conhecido, apesar de ter sido um dos melhores poetas brasileiros.

Morreu inédito e apenas quase dez anos depois teve sua poesia reunida em um livro editado pela Fundação José Augusto, de Natal, em 1975 (Poética).

Convivi com seu Caldas, como era chamado, bem menos do que gostaria de ter feito. Inicialmente, porque saí de minha cidade (aquela que ele adotara como sua) aos quatro anos de idade, numa primeira mudança familiar. Nas conversas com meu pai, soube que Caldas era visita frequente lá em casa. Quando minha irmã nasceu (um ano e meio antes de mim), Caldas escreveu para seu álbum de bebê: “Na casa de Hélio e Dolores, / longe de males e insânia, / tem, tendo Márcia Bethânia, / todo seu mundo de flores”.

Enquanto morei em Natal (de 49 a 59), todas as minhas férias eram passadas no Açu. E lá, encontrava sempre Caldas, figura curiosa, miúda, tido por muitos como um tanto amalucado, característica comum aos gênios. A diferença de idade entre nós era muito grande, ele mais velho que minhas avós, por exemplo. Na verdade, eu me aproximava dele desde menino, e ele deixava que assim fosse. Chamava-me de meu Caboclinho. Creio que só fui uma única vez a sua casa, a mesma em que foi encontrado morto, em 1967. Acho mesmo que naquele tempo eu nem compreendia sua grandeza e sua genialidade. Em 1958, fiquei sabendo que ele sairia de seu tugúrio e viajaria à capital, quando a intelligentsia potiguar o homenageou, dos mais antigos e acadêmicos aos jovens poetas que o conheciam de nome.  Grudei nele o máximo que pude, eu que sempre me enxeri achegando-me aos que eu admirava.    

Com uma nova mudança, fomos morar no Rio de Janeiro, em 1960, e as ida ao Açu e os encontros com Caldas ficaram mais raros. Voltei à terrinha em 1963 (julho e dezembro). Então, eu já escrevera meus primeiros versos, as incultas produções da adolescência, e ousei mostrá-los àquele que eu tanto respeitava. Ele foi gentil demais e me estimulou a prosseguir.

Na última oportunidade que tive de conversar com ele, falou-me de seu projeto um tanto megalomaníaco de publicar-se numa edição trilingue, e disse que gostaria que eu o ajudasse na versão de seus poemas para o inglês e o francês, algo que reconheço era superior à minha capacidade.

Guardo como preciosidade uma página (frente e verso) com alguns de seus versos autografados, assinados um a um. Estão ali “A Tia”, “O amigo”, “A rosa dos ventos” e outros sem título, dentre os quais um poemeto que reputo um dos melhores, daqueles que eu gostaria de ter escrito: ”O pobre me deu uma esmola de Deus te favoreça, “Deus te favoreça”. Favoreça-me, Deus com essa esmola do pobre”. E mais outro que idolatro: ”À vida pedi, como quem pede um beijo na face / Que ela, a vida, não me negasse... / Passou a vida, não me quis ver.../ - Ora morrer... / Morrer é a vida de que se nasce”.

Caldas sempre soube que um de seus poemas fora lido na BBC de Londres, “A minha dor na grande guerra”. É causa de admiração constatar que aquele poeta, nos rincões perdidos do Nordeste, demonstrava sua cultura, como dizer que maior que a dor pela segunda grande guerra era a que sentia pelo fim que levara Chénier, guilhotinado pelos que ajudara a fazer a Revolução Francesa.

E são diversas as histórias sobre sua vida. Ele reunira poemas para encher dois ou três livros, mas não encontrava quem os publicasse segundo seus ditames, ele que tinha perfeita noção da qualidade de sua obra. Aliás, quem o conheceu nos cerca de 20 anos em que morou no Sul maravilha (de 1912 em diante) louvava sua excelência. E eram intelectuais do porte de Lima Barreto, Hermes Fontes, Osvaldo Aranha, Lima Campos e José Geraldo Vieira, que o transformou em personagem de um livro (Cássio Murtinho, de Território humano).

Caldas não teve como comprovar o vaticínio feito a seu respeito: “Publica-te, meu filho, para mostrares ao mundo que ninguém é maior que tu” (Lima Campos).

João Celso Neto

(Do blog: João Celso Neto é poeta assuense da velha guarda, funcionário aposentado da EMBRATEL, advogado em Brasília. Neto de João Celso Filho, sobrinho de Celso da Silveira e da ex-prefeita do Assu Maria Olímpia Neves de Oliveira).
Hoje demos início ao programa Transporte Cidadão. Um programa custeado pela arrecadação do Restaurante Popular e Café Cidadão que vai beneficiar a população em vulnerabilidade social. Serão 10 linhas que beneficiarão 13 municípios da Grande Natal.





quinta-feira, 5 de outubro de 2017

20 ditados populares explicados por Câmara Cascudo


Quem nunca usou um ditado popular brasileiro, tentou explicá-lo mas não conseguiu?
Os ditados populares são uma parte importante do linguajar de uma cultura, e descobrir a origem destas expressões nunca foi tarefa fácil para os estudiosos.
Muitas vezes ocorrem expressões estranhas sem sentido, mas que são muito importantes para a longevidade da cultura popular.

O escritor potiguar Luís da Câmara Cascudo, maior folclorista brasileiro da história, estudou a origem de vários ditos populares, e aqui está o que ele encontrou:

Maria vai com as outras

(alguém que não tem opinião própria e se deixa convencer com facilidade por outras)
Dona Maria I, mãe de D. João VI (avó de D. Pedro I e bisavó de D. Pedro II), enlouqueceu de um dia para o outro. Declarada incapaz de governar, foi afastada do trono. Passou a viver recolhida e só era vista quando saía para caminhar a pé, escoltada por numerosas damas de companhia. Quando o povo via a rainha levada pelas damas nesse cortejo, costumava comentar: “Lá vai D. Maria com as outras”.

Afogar o ganso

(ato sexual masculino)
No passado, os chineses costumavam satisfazer as suas necessidades sexuais com gansos. Pouco antes de ejacularem, os homens afundavam a cabeça da ave na água, para poderem sentir os espasmos anais da vítima.

Amigo da onça

(amigo falso)
Este termo surgiu quando um caçador mentiroso, ao ser surpreendido sem armas por uma onça, deu um grito tão forte que o animal fugiu. Como quem o ouvia não acreditou, dizendo que, se assim fosse, ele teria sido devorado, o caçador, indignado, perguntou se, afinal, o seu ouvinte era seu amigo ou amigo da onça.

Onde judas perdeu as botas

(lugar bem distante)
Conta a Bíblia católica que, depois de trair Jesus por “30 dinheiros”, Judas caiu em depressão e com a culpa veio a se suicidar enforcando-se numa árvore.
Acontece que ele se matou sem as botas, e os dinheiros não foram encontrados com ele. Logo os soldados partiram em busca as botas de Judas, onde, provavelmente, estaria o dinheiro.
A história é omissa daí pra frente. Nunca saberemos se acharam ou não as botas e o dinheiro. Mas a expressão atravessou mais de vinte séculos.

Bicho-de-sete-cabeças

(um problema aparentemente complicado de resolver)
Tem origem na mitologia grega, mais precisamente na lenda da “Hidra de Lerna”, um monstro de 7 cabeças que, ao serem cortadas, renasciam.
Matar este animal foi uma das doze proezas realizadas por Hércules, o maior de todos os heróis gregos. A expressão ficou popularmente conhecida, no entanto, por representar a atitude de alguém em colocar uma dificuldade exagerada na resolução de um problema qualquer.

Comer com os olhos

(desejo extremo de comer algo e não ter oportunidade)
Segundo Câmara Cascudo, soberanos da África Ocidental não consentiam testemunhas às suas refeições, comiam sozinhos. Na Roma Antiga, uma cerimônia religiosa fúnebre consistia num banquete oferecido aos deuses no qual ninguém tocava na comida. Apenas olhavam, “comendo com os olhos”. Aliás, Cascudo dizia que certos olhares absorvem a substância vital dos alimentos.

Com a corda toda

(alguém bastante inquieto ou agitado)
Antigamente os brinquedos que possuíam movimento eram acionados torcendo um mecanismo em forma de mola ou um elástico, que ao ser distendido, fazia o brinquedo se mexer. Ambos os mecanismos eram chamados de “corda”. Logo, quando se dava a “corda” totalmente num brinquedo, ele movia-se de forma mais agitada e frenética. Daí a origem da expressão.

Fazer ouvidos de mercador

(alguém não se importar com quem o chama)
O escritor diz que a palavra mercador é uma corruptela de “marcador”, nome que se dava ao carrasco que marcava os ladrões com ferro em brasa indiferente aos seus gritos de dor. No caso, fazer ouvidos de mercador é uma alusão a atitude desse algoz, sempre surdo às súplicas de suas vítimas.

Mais vale um pássaro na mão que dois voando

(melhor ter pouco que ambicionar muito e perder tudo)
É tradição de antigos caçadores. Eles achavam melhor apanhar logo a ave que tinham atingido de raspão, antes que ela fugisse, do que tentar atirar nas que estavam voando e errar o alvo.

“Cor” de burro quando foge

(alguém muito amedrontado)
Esta expressão mudou seu sentido nos dias atuais. A frase original era “corra do burro quando ele foge”. Isto porque o burro enraivecido é muito perigoso. A tradição oral foi modificando a frase e “corra” acabou virando “cor”.
Veja também: 11 marcas famosas com expressões Potiguares

Pagar o pato

(paga por algo sem ter qualquer benefício em troca)
A expressão deriva de um antigo jogo praticado em Portugal. Amarrava-se um pato a um poste e o jogador (em um cavalo) deveria passar rapidamente e arrancá-lo de uma só vez do poste. Quem perdia era que pagava pelo animal sacrificado. Sendo assim, passou-se a empregar a expressão para representar situações onde se .

Salvo pelo gongo

(escapar de se meter numa encrenca por uma fração de segundos)
O ditado tem origem na na Inglaterra. Lá, antigamente, não havia espaço para enterrar todos os mortos. Então, os caixões eram abertos, os ossos tirados e encaminhados para o ossário e o túmulo era utilizado para outro morto. Só que, às vezes, ao abrir os caixões,os coveiros percebiam que havia arranhões nas tampas, do lado de dentro, o que indicava que aquele morto, na verdade, tinha sido enterrado vivo (catalepsia – muito comum na época).
Assim, surgiu a ideia de, ao fechar os caixões, amarrar uma tira no pulso do defunto, tira essa que passava por um buraco no caixão e ficava amarrada num sino. Após o enterro, alguém ficava de plantão ao lado do túmulo durante uns dias. Se o indivíduo acordasse, o movimento do braço faria o sino tocar. Desse modo, ele seria salvo pelo gongo.

Estar com a corda no pescoço

(estar ameaçado, sob pressão ou com problemas financeiros)
O enforcamento foi, e ainda é em alguns países, um meio de aplicação da pena de morte. A metáfora nasceu de anistias ou comutações de pena chegadas à última hora, quando o condenado já estava prestes a ser executado e o carrasco já lhe tinha posto a corda no pescoço, situação que, de fato, é um sufoco.

O pior cego é o que não quer ver

(alguém que se nega a admitir um fato verdadeiro)
Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o doutor Vicent de Paul D’Argenrt fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel.
Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que ele imagina era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos.
O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para a história como o cego que não quis ver.

Casa de mãe Joana

(um lugar onde todo mundo pode entrar e frequentar sem restrições)
Este dito popular tem origem na Itália. Joana, rainha de Nápoles e condessa de Provença (1326-1382), liberou os bordéis em Avignon, onde estava refugiada, e mandou escrever nos estatutos: “Que tenha uma porta por onde todos entrarão”.
O lugar ficou conhecido como Paço de Mãe Joana, em Portugal. Ao vir para o Brasil a expressão virou “Casa da Mãe Joana”. A outra expressão pejorativa envolvendo Mãe Joana, tem a mesma origem.

Deixar de Nhenhenhém

(largar uma conversa irritante ou cheia de lamúrias)
Nheë, em tupi, quer dizer falar. Quando os portugueses chegaram ao Brasil não entendiam muito bem o que se dizia por aqui, então os índios diziam que os portugueses ficavam de “nhen-nhen-nhen”.

Pensando na morte da bezerra

(estar distante, pensativo, alheio a tudo)
Esta é mais uma bíblica. O bezerro era adorado pelos hebreus e sacrificados para Deus num altar. Quando Absalão, por não ter mais bezerros, resolveu sacrificar uma bezerra, seu filho menor, que tinha grande carinho pelo animal, se opôs. Em vão. A bezerra foi oferecida aos céus e o garoto passou o resto da vida sentado do lado do altar “pensando na morte da bezerra”. Consta que meses depois veio a falecer.
Veja também: 14 expressões faladas no Rio Grande do Norte que confundem o resto do Brasil

Jurar de pés junto

(jurar em exagero)
A expressão surgiu das torturas executadas pela Santa Inquisição, nas quais o acusado de heresias tinha as mãos e os pés amarrados (juntos) e era torturado para confessar seus crimes.

Testa de ferro

(alguém com poder aparente)
O Duque Emanuele Filiberto di Savoia, conhecido como Testa di Ferro, foi rei de Chipre e Jerusalém. Mas tinha somente o título e nenhum poder verdadeiro. Daí a expressão ser atribuída a alguém que aparece como responsável por um negócio ou empresa sem que o seja efetivamente.

Gatos pingados

(número extremamente reduzido de pessoas em um evento)
Esta expressão remonta a uma tortura procedente do Japão que consistia em pingar óleo fervente em cima de pessoas ou animais, especialmente gatos.
Existem várias narrativas ambientais na Ásia que mostram pessoas com os pés mergulhados num caldeirão de óleo quente. Como o suplício tinha uma assistência reduzida, tal era a crueldade, a expressão “gatos pingados” passou a significar pequena assistência sem entusiasmo ou curiosidade para qualquer evento.

Queimar as pestanas

(estudar muito)
Antes do aparecimento da eletricidade, recorria-se a uma lamparina ou uma vela para iluminação. A luz era fraca e, por isso, era necessário colocá-las muito perto do texto quando se pretendia ler o que podia dar num momento de descuido queimar o rosto, os olhos, ou as pestanas. Por essa razão, aplica-se àqueles que estudam muito.

Sem papas na língua

(ser franco, dizer o que sabe, sem rodeios)
A expressão vem da frase castelhana “no tener pepitas em la lengua”. Pepitas, diminutivo de papas, são partículas que surgem na língua de algumas galinhas, é uma espécie de tumor que lhes obstrui o cacarejo. Quando não há pepitas (papas), a língua fica livre.
Fonte: CASCUDO, Luís da Câmara. Locuções Tradicionais no Brasil. São Paulo, Editora Global/2008.

De:  https://curiozzzo.com


Nenhum texto alternativo automático disponível.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

A Vida de Flávio Rocha

MYRIAM COELI DE ARAÚJO DANTAS DA SILVEIRA (n. Manaus/AM – 19 de novembro de 1926 – m. Natal, 21 de fevereiro de 1980). Chega a São José de Mipibu/RN, aos 2 meses de idade. Poetisa, jornalista, ganhou diversos prêmios participando de concursos de poesias. Afinal, uma intelectual que engrandece às letras da terra norte- Rio-grandense. Myriam Coeli está antologiada em várias coletâneas dos poetas potiguares. Em, Panorama da poesia Norte-Rio-Grandense, 1965, de Rômulo Wanderley, vamos encontrar na página 10, esta joia de poema intitulado ‘Réquiem para uma alma’, conforme adiante:
De sua boca de risos claros, cantigas sacudiram
as transparentes imagens de um mundo simples e terno.
Suas palavras que artesãs construiram de puros metais
me desceram a vida e levaram coros para a minha [imaginação.
Os seus braços tinham firmeza de barco e doçuras de
[vôos
para seduzirem a minha infância.
A pureza de seu coração
desabrochou ternuras para os meus dias.
A sua lembrança me comove
nesta hora sombria de meu canto.
(Em tempo:Eu tive o privilégio de ainda ter conhecido e convivido um pouco com Myrian Coeli, pois, o seu marido chamado Celso Dantas da Silveira (poeta, jornalista, escritor, historiador, cronista), além de meu conterrâneo (Assu) e amigo, era cunhado de uma irmã de minha mãe).
Fernando Caldas
CurtirMostrar mais reações

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Médica potiguar Socorro Morais assume a Secretaria Nacional de Promoção de Defesa e Direitos da Pessoa Idosa

 http://www.thaisagalvao.com.br/

A médica potiguar Maria Socorro Medeiros de Morais, tomou posse ontem, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, como Toma posse em Brasília como secretaária Nacional de Promoção de Defesa e Direitos da Pessoa Idosa.

Ela é a primeira mulher a assumir a pasta que é vinculada ao Ministério dos Direitos Humanos e tem por finalidade assegurar os direitos sociais da pessoa idosa e criar condições de promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.

Terminada a cerimônia a nova secretária se reuniu com a ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Dias de Valois Santos para tratar da instalação da Secretaria Nacional da Pessoa Idosa, estratégias para fortalecimento e equipagem dos Conselhos Estaduais da Pessoa Idosa.

Agora pela manhã a secretária representará o Ministério dos Direitos Humanos em Sessão Solene no Congresso Nacional, em homenagem ao Dia Nacional do Idoso.

A secretária afirmou que sua indicação foi técnica, não tendo portanto nenhuma vinculação político-partidária.

“Nossa tarefa será dar continuidade à luta em defesa do Estatuto do Idoso, à consolidação da Politica Nacional de Cuidados à Pessoa Idosa, e ao fortalecimento dos Conselhos do Idoso”, ressaltou Socorro que é médica e enfermeira, formada pela UFRN, com mestrado e doutorado em Ciências da Saúde.

Tem especializações em Obstetrícia, Citopatologia, Gerontologia e Medicina do Envelhecimento, com mais de 10 anos de pesquisas nesta última área.

Na foto, a secretária com o secretário executivo de Direitos Humanos, Johanes ECK.
NINGUÉM CONHECE NINGUÉM

Senhor: eu não acredito
Que ninguém escute o grito
De angústia que a fome tem.
Não quero saber quem foi,
Quem inventou o perdoe...
Se negando fazer bem.

A espécie humana rasteja,
Sem saber o que deseja
Nem mesmo para onde vai...
É marcha hostil da matéria,
Caminha tropeça e cai.

Não sei no mundo o que fui
Fui talvez Edgar Poe...
Um Agostinho... Um Plutão...
Nos festins da inteligência,
Mergulhei a consciência
E o vício estendeu-me a mão.

Na estrada dos infelizes
Na confusão dos matizes,
Nascem as flores também!
Sim, nos cérebros dos pobres
Há pensamentos tão nobres...
Ninguém conhece ninguém.

Fui nômade! Aventureiro,
Fui poeta seresteiro,
Um lovelace também!
Amei demais as mulheres
E procurei nos prazeres,
Marchar a face do bem.

Hoje, sinto a claridade,
Tenho, pois, necessidade
De meu passado esquecer.
Pouco importa os infelizes
À marcha das cicatrizes...
Se deixarem de doer.

Já viu lavar a desgraça?
Ou afogar na cachaça
A vergonha... a precisão?
É a fome conveniente
De tornar-se indiferente...
Podendo estender a mão.

Uma esmola por caridade:
É a voz da humilhação,
Morrendo de inanição
Não diga nunca perdoe,
Não queira saber: quem foi!
Esse alguém... é vosso irmão.


Renato Caldas

Você conhece todas as 7 bandas potiguares destes ônibus?

Encontramos uma seleção curiosa de fotos de ônibus de bandas antigas pra você testar se conhece ou não.

Por, exemplo, a Brilho do Som, conhece?


E a Degradee?


Mas essa você já ouviu falar muito…


E essa aqui?


Já dessa aqui não tenho certeza…


Mas da Banda Tártaros, já?

E a Tigres?

Se você conhece a maioria tá de parabéns porque não é pra qualquer dinossauro da música não, viu?! Agora veja as primeiras bandas de rock que surgiram em Natal

Para STJ, é válida cláusula que admite atraso em entrega de imóvel comprado na planta

19 Setembro 2017 
 
No mercado de compra e venda de imóveis na planta, fatores imprevisíveis que podem atrapalhar a construção – como eventos da natureza, falta de mão de obra e escassez de insumos – tornam válida a cláusula contratual que estabeleça prazo de tolerância pelo atraso da obra. No entanto, a entrega do imóvel não pode ultrapassar 180 dias da data estimada e, em qualquer caso, o consumidor deve ser notificado a respeito do uso da cláusula e da justificativa para a ampliação do prazo.

Com base nesse entendimento, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou recurso especial de um casal de compradores que alegava ser abusiva a cláusula de tolerância em contratos imobiliários de compra e venda.

Para o casal, o incorporador, ao estipular o prazo de entrega, já deveria considerar a possibilidade de atraso, de forma que o consumidor não fosse seduzido com a informação de que o imóvel seria entregue em determinada data e, posteriormente, o prazo fosse ampliado de forma substancial.

Estimativa.

O relator do recurso especial, ministro Villas Bôas Cueva, explicou que a compra de imóvel na planta possibilita ao adquirente planejar sua vida econômica e social, pois é sabido antecipadamente quando haverá a entrega das chaves. Por isso, o incorporador e o construtor devem observar o cronograma de execução da obra com a maior fidelidade possível, sob pena de responderem pelos prejuízos causados ao comprador pela não conclusão ou retardo injustificado do imóvel.

Todavia, tendo em vista a complexidade do empreendimento e os fatores de imprevisibilidade, o relator entendeu ser justificável a adoção, no instrumento contratual, de tolerância em relação à data de entrega – que na verdade é apenas estimada, conforme prevê o artigo 48, parágrafo 2º, da Lei 4.591/64.

“A disposição contratual de prorrogação da entrega do empreendimento adveio das práticas do mercado de construção civil consolidadas há décadas, ou seja, originou-se dos costumes da área, sobretudo para amenizar o risco da atividade, haja vista a dificuldade de se fixar data certa para o término de obra de grande magnitude sujeita a diversos obstáculos e situações imprevisíveis, o que concorre para a diminuição do preço final da unidade habitacional a ser suportado pelo adquirente”, disse o relator.

Notificação necessária

O ministro também destacou que a tolerância contratual não pode superar o prazo de 180 dias, considerando, por analogia, que é o prazo de carência para desistir do empreendimento (artigo 33 da Lei 4.591/64) e também para que o fornecedor sane vício do produto (artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor). “O incorporador terá que cientificar claramente o consumidor, inclusive em ofertas, informes e peças publicitárias, do eventual prazo de prorrogação para a entrega da unidade imobiliária, sob pena de haver publicidade enganosa, cujo descumprimento implicará responsabilidade civil. Durante a execução do contrato, igualmente, deverá notificar o adquirente acerca do uso de tal cláusula juntamente com a sua justificação, primando pelo direito à informação”, concluiu o relator ao negar provimento ao recurso do casal.

Do STJ

sábado, 30 de setembro de 2017

"Malhando meu português"

-Poeta, você malha em qual academia?
-Na de cordel e na de trovas.
-Mas poeta, você não tem medo de ficar com o bucho grande não?
-Não, eu tenho medo é de fome e de quem se preocupa só com o bucho dos outros...
-Assim, você não quer ficar sarado?
-Menino, eu já sou sarado...
-Oxe, como?
- De Sarampo, Catapora, Chikungunya...
-Aff! Você também...


 Manoel Cavalcante

ASSÚ RN IMAGENS

ASSÚ RN IMAGENS

ASSÚ RN IMAGENS

ASSÚ RN IMAGENS
Qual o remédio jocundo
Que ao mal nos serve de escudo?
- Fechar os olhos a tudo
E rir de tudo no mundo

Foi esta a resposta clara,
Que me deu, interrogado,
Um homem que tinha achado,
Coisa rara!
A ventura neste mundo.

Caldas, poeta potiguar
O artista de vera mesmo faz com que a criança apalpe as palavras nuas, toque nas partes de um livro, na pele de um quadro, no corpo de um poema, nas dimensões do infinito... O resto é falta de recurso poético.
  
Manoel Cavalcante

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

28/09/1968 - Criação da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.Criada pela Lei Municipal nº 20/68, assinada pelo prefeito de Mossoró, Raimundo Soares de Souza, a UERN nasceu com o nome de Universidade Regional do Rio Grande do Norte(URRN), vinculada à Fundação Universidade Regional do Rio Grande do Norte – FURRN. Somente no ano de 1987, no governo de Radir Pereira, a instituição foi estadualizada através da lei estadual nº 5.546, de 8 de janeiro de 1987. Em 1999 passou a ser denominada de Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, com a sigla UERN. Sediada na cidade de Mossoró/RN, a universidade mantém os campi de Mossoró, Assu, Pau dos Ferros, Patu, Natal e Caicó. Também funcionam os Núcleos Avançados de Ensino Superior de Caraúbas, Areia Branca, Apodi, Macau, João Câmara, São Miguel, Alexandria, Umarizal, Touros, Santa Cruz e Nova Cruz.

 Francisco Veríssimo De Sousa Neto

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

SOBRE O MUSICO SERESTEIRO SILVIO CALDAS NO ASSU


Sílvio Caldas um dos maiores artífices da Canção Popular Brasileira, responsável pela introdução da seresta na MPB esteve em 1972 de passagem para Fortaleza na cidade do Assu, importante interior da terra potiguar, para rever e abraçar o bardo assuense que o Brasil consagrou chamado Renato Caldas, seu velho primo, amigo e companheiro de farras  intermináveis nos tempos que ele, Renato, viveu o Rio de Janeiro (década de trinta e começo dos anos quarenta). Silvio, ao chegar na modesta casa de Renato, da praça Pedro Velho, número 74, na cidade assuense, de violão em punho, começou a cantar "numa típica serenata interiorana", para surpresa do velho poeta boêmio que após ouvir Silvio cantando ao pé da janela de sua casa, uma de suas modinhas, foi recebê-lo chorando de alegria e saudade. Fato este, (era uma tarde de 1972) presenciado por mim (tinha eu, 14 anos de idade) e de tantos outros assuenses admiradores do poeta Renato e do próprio Silvio.

Para registrar mais ainda, o músico e compositor Silvio no seu disco intitulado História da Música Popular Brasileira, 1974, LP gravado ao vivo no Teatro Santa Isabel, no Rio de Janeiro, externou: "...os Caldas do Assu, todos meus parentes. Sabe lá o que é isso, Renato Caldas, o grande poeta." E vai mais adiante Silvio ao lembrar de outros velhos amigos Norte-riograndenses como Grácio Barbalho e Nei Marinho.
 .
Por sinal, fora Silvio que apresentou Renato Caldas (poeta consagrado, que segundo Celso da Silveira, foi ele, Renato, que deu nome as letras potiguares publicando em 1940, o livro intitulado "Fulô do Mato") a Noel Rosa, Chico Alves (o rei da voz), além de Almirante. Ambos se tornaram amigos íntimos, companheiros de mesa de bar, claro.

Afinal, foi Silvio Caldas, o responsável da introdução da seresta na MPB, e Renato Caldas, ao lado de Catulo da Paixão Cearense (autor da canção Luar do Sertão), o responsável pela introdução da poesia matuta nas letras populares do Brasil. Registro e dou fé.

Fernando Caldas




  UMA VEZ Por Virgínia Victorino (1898/ 1967) Ama-se uma vez só. Mais de um amor de nada serve e nada o justifica. Um só amor absolve, santi...